Seu cérebro no piloto automático: o que acontece quando você deixa a IA pensar por você?
- Time de Conteúdo
- 7 de jul.
- 3 min de leitura

A inteligência artificial está cada vez mais presente no nosso dia a dia - do jeito como escrevemos e nos comunicamos até a forma como organizamos tarefas, aprendemos e tomamos decisões. Mas será que estamos usando essa tecnologia de forma equilibrada?
Um estudo recente do MIT trouxe luz a uma pergunta crucial para os tempos atuais: como o uso de ferramentas de IA, como o ChatGPT, impacta o funcionamento do nosso cérebro em tarefas intelectuais, como escrever um texto?
O que os pesquisadores descobriram vai além do debate entre “usar ou não usar IA” - e abre espaço para uma reflexão muito mais rica: o que vale a pena delegar para a máquina, e o que precisamos continuar fazendo com o nosso próprio raciocínio?
Três grupos, três formas de pensar
O estudo envolveu 54 participantes, divididos em três grupos:
Grupo LLM: usou apenas o ChatGPT para escrever seus textos.
Grupo Search Engine: utilizou apenas mecanismos de busca tradicionais, como o Google.
Grupo Brain-only: escreveu sem usar nenhum recurso externo - apenas o próprio conhecimento.
Ao longo de várias sessões, os participantes passaram por tarefas de escrita e tiveram suas atividades cerebrais monitoradas via EEG (eletroencefalografia). Também foram avaliados quanto à capacidade de lembrar o conteúdo que produziram, a qualidade do texto e o sentimento de "propriedade" sobre o que haviam escrito.
IA no comando? Seu cérebro desacelera
Os resultados chamam atenção: o grupo que delegou 100% da tarefa ao ChatGPT apresentou menor conectividade neural em todas as faixas de frequência analisadas. Esses participantes também foram os que menos se lembravam do que haviam escrito e relataram menor sentimento de autoria sobre seus textos.
Em outras palavras, ao deixar que a IA assumisse o controle da atividade intelectual, o cérebro dos participantes respondeu com menos esforço, menos engajamento e menos memória do que foi feito.
Mas nem tudo é problema: o uso combinado funciona!
Por outro lado, o estudo também incluiu uma quarta etapa, onde os participantes trocaram de grupo: quem antes usava IA passou a escrever sozinho, e vice-versa.
Os dados dessa sessão mostraram que usar IA como ferramenta de apoio - e não como substituta - pode ser altamente benéfico. Participantes que primeiro escreveram seus textos e depois usaram a IA para revisar, enriquecer ou ajustar suas ideias, não apresentaram prejuízos cognitivos. Ao contrário, mostraram boa lembrança do conteúdo, maior percepção de autoria e alto engajamento neural.
O que isso nos ensina?
Mais do que uma crítica ao uso da IA, o estudo mostra a importância de refletirmos como estamos usando essas ferramentas. A IA pode ser uma grande aliada, mas não deve substituir processos cognitivos que são essenciais para o aprendizado, a criatividade e o desenvolvimento intelectual.
Quando usamos a IA de forma passiva, simplesmente aceitando o que ela produz, abrimos mão de uma parte importante do processo: o pensamento. Mas quando a usamos de forma ativa, como parceira de revisão, estruturação ou ampliação de ideias, ampliamos nosso próprio potencial.
Um convite ao uso responsável da inteligência artificial
Na Singulari, acreditamos que a inteligência artificial não veio para substituir o pensamento humano, mas para amplificá-lo.
Este artigo inaugura uma série de reflexões sobre o uso estratégico da IA no dia a dia. Queremos abrir conversas honestas, baseadas em dados e experiências reais, sobre como essa tecnologia pode ser usada de maneira ética, eficiente e humana.
Porque a IA pode fazer muito por nós, mas o pensamento crítico e a criatividade ainda são insubstituíveis.
Referência:
Kosmyna, N. et al. (2024). Your Brain on ChatGPT: Accumulation of Cognitive Debt when Using an AI Assistant for Essay Writing Task. MIT Media Lab.
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