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Fases da Crise

Em um artigo publicado pela Harvard Business Review na última semana, Merete Wedell-Wedellsborg, psicóloga e consultora executiva, faz uma análise da crise referente ao comportamento dos profissionais neste momento.

Ela observou que, no início da quarentena, líderes e executivos com quem tinha contato estavam demonstrando alto nível de produtividade e energia para a realização das atividades e projetos frente à crise que estava iniciando. Porém, depois de algumas semanas, eles relataram a ela que alguma coisa tinha acontecido com a energia deles e com a forma que seus times estavam colaborando.

O que causou isso? Segundo Merete, crises tendem a seguir um padrão: emergência, regressão e recuperação.

Emergência

É o que chamamos na Singulari de “mobilizar a energia pelo senso de urgência”. Quando surge a crise e a emergência se torna clara, a energia e a produtividade das pessoas aumentam e elas começam a trabalhar fortemente em cima daquilo, movidas pela necessidade de mudança. Os liderem tendem a se tornar suas melhores versões e as equipes desempenham melhor. O senso de urgência traz rapidez para a tomada de decisões.

Regressão

O ritmo alimentado pela adrenalina da resposta inicial à crise começa a ceder. As pessoas mostram-se cansadas e os problemas parecem se tornar mais complexos. Com a pressão e o estresse, é natural que as pessoas queiram voltar para sua zona de conforto nesse momento. Merete afirma que essa é a fase mais difícil da crise e o desafio dos líderes é passar por ela de maneira construtiva.

Para isso, é preciso entender se a equipe está ou não nesta fase e alguns indicativos são: a energia das pessoas diminuiu, as decisões não estão sendo tomadas como antes, podem surgir conflitos por pequenas coisas, indisponibilidade, etc.

Uma das maneiras de passar por isso é mexendo na estrutura da equipe como se estivesse começando de novo. Redefinir papéis e atribuir novas responsabilidade aos membros que são capazes de exercê-las, tirando hierarquias anteriores e diminuindo burocracias. Mas atenção, cuidado para não atribuir mais responsabilidades e não novas, pois corre-se o risco de sobrecarregar as pessoas ao invés de reenergizá-las.

Outro método é o de calibrar as emoções da sua equipe. O objetivo é promover um ambiente em que as pessoas se sintam seguras para falar honestamente sobre seu estado de espírito. Para fazer isso, as pessoas se avaliam em uma escala de 0 a 10. Algumas equipes iniciam suas reuniões perguntando qual o número de cada um naquele dia, outras se comunicam usando a escala para informar como estão. É importante observar que, neste período de crise, 6 a 8 é uma boa nota, já que as pessoas estão enfrentando outras problemas sociais.

Nesta mesma semana ouvi uma palestra da Fiamma Zarife, diretora geral do Twitter Brasil, em que ela contava que eles têm usado essa prática com as equipes durante a quarentena. Eles iniciam as reuniões perguntando como as pessoas estão se sentindo, e caso alguém se avalie com uma nota considerada baixa, o líder entra em contato depois em particular para conversar melhor com essa pessoa.

De toda forma, o fato de informarem e compartilharem como estão se sentindo dá abertura para a conversa e para o apoio, ajudando a pessoa a subir novamente a escala.

A reorientação é outra maneira de passar pela fase de regressão e chegar à fase de recuperação. Os líderes mudam o olhar do como lidar com a crise para como sair da crise. Isso inclui a mudança do foco da equipe, que para de pensar nos riscos de curto prazo e passa a pensar na contribuição da empresa para este momento e nas oportunidades de longo prazo.

Recuperação

Essa mudança de movimentos, olhares e foco ajuda os times a ganharem novamente energia e a se sentirem desafiados para os próximos objetivos. O líder pode então traçar o caminho da recuperação e sair da crise mais forte. Nesse momento, consegue-se estabelecer uma nova direção e um novo sentimento de responsabilidade na equipe.

Na próxima semana começará o retorno das atividades presenciais em algumas empresas e muitas pessoas que estavam de quarentena e trabalhando em home office retornarão. Com as mudanças causadas por esse “novo normal”, vale a pena o líder ficar atento à sua equipe para perceber se já estão na fase de recuperação ou se ainda é válido utilizar algumas das maneiras citadas para passar pela fase da regressão.

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